terça-feira, 31 de dezembro de 2013

querido pombo correio,

Desde setembro, você tem trabalhado bastante. Tem ido aos lugares mais distantes carregando os pacotes leves de tédio e raiva, e também mensagens pesadas de afeto e pesar das cartas de amor. Amor feliz ou amor triste da perda.

Todo ano se ganha e se perde alguma coisa. Nós ganhamos um elo com o blog logo depois ter perdido o contato físico constante. Todos os ganhos e as perdas na sequência foram colocados aqui. Nisso, ganhamos a companhia de centenas de leitores.

Foi um ano agitado. A Mariana foi morar em Portugal. A Izabel mudou de emprego. A Seane começou o mestrado e eu o conclui e lancei um livro. Ninguém plantou árvore e seria cafona dizer que o blog é um filho.

Em 2014, continuaremos aqui perto e longe. E você, pombo correio, continuará a voar o mundo, se preciso for.

Quando receber, traga notícias boas para o novo ano, e me avisa.

Feliz Ano Novo.

Beijos,

Carolina Diniz

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

queridas retrospectivas,

Sei que vocês estão sendo muito solicitadas nesta altura do campeonato, mas gostaria de pedir para vocês que não se esqueçam de colocar no balanço de 2013 alguns fatos que foram bem importantes para mim:

Esse ano eu comecei a minha nova jornada de estudos. Mestrado, finalmente!
Também tive que alugar um apartamento. Não é aquela maravilha, mas já tem jeitinho de casa improvisada.
O que me lembra de que esse ano eu também ganhei um sofá de um moço do twitter, graças à Mariana e ao moço que sempre faz as minhas mudanças!
Em 2013, eu acho que aprendi a ser sozinha. E, então, arrumei um namorado. Aliás, acho que aprender a ser só é fundamental para um relacionamento. Te ensina a respirar e deixar que o outro também o faça. Te ensina a não esperar demais e não soterrar a outra pessoa de expectativas.
Aliás, eu não só comecei a namorar esse ano. Mas comecei a namorar com ele: Geraldo. E se eu tivesse pedido ou escolhido um namorado, não teria escolhido ele. Teria escolhido, com certeza, uma pessoa que não seria nem metade do que ele é. Sabe como é, a gente nunca quer abusar nos pedidos.
Mas não foi só um namorado que me fez sentir amada esse ano. Em 2013, tive amigos do meu lado em todos os momentos. No meio do ano, para completar, ainda ganhei uma irmãzinha para todos os fins de semana.

Para resumir, em 2013, só ganhei desafios: o desafio de ser uma boa estudante, de fazer bons artigos científicos, de tentar alcançar meus sonhos, de ler mais livros, de amar, de perdoar, de deixar de ser passiva agressiva, de estar ao lado dos meus amigos, de tentar cuidar da minha família, de organizar as minhas coisas, de parar de fazer macarrão sem gosto, de ser uma boa babá para o filho da Lili, de procurar sempre concluir esses desafios. 

Quando receber, me avisem e me contem se vai dar pra incluir nos trabalhos de vocês.

Abraços,
Seane.

sábado, 28 de dezembro de 2013

querido cérebro,

Vamos desempacar? Por favor! Eu sei que não é sua vontade fazer esse trabalho, que você acha essa disciplina um saco e o professor um truqueiro. Só que não tem jeito, precisa fazer e quanto mais rápido isso for desenrolado, melhor!

E tem um pequeno detalhe... depois desse, ainda temos mais alguns trabalhos pra fazer. Já não aguento mais tanto quanto você, por isso, conto com sua colaboração para me ver livre dessa chatice. Quando receber, me avisa. E colabora.

Beijo,
Mari.






quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

querida Sté,

Resolvi não te mandar esta carta pra dizer que tenho saudades, porque eu já te disse isso, bem baixinho, naquele domingo, dia em que vi teu rosto sereno pela última vez e o arco-íris apareceu.
Prefiro escrever o que talvez tenha dito pouco ou muito sutilmente: a gente aprendeu muito uma com a outra. Eu aprendi demais.

Acho que o fato de sermos tão diferentes ajudou bastante, sabe. Era muito mais do que tu ser a loira sorridente e simpática e eu a morena séria. Eram gênios. Temperamentos. Jeitos de encarar a vida mesmo.
Se às vezes eu te achava emotiva demais, tu te incomodava com meu excesso de objetividade. Se tu achava que eu reclamava demais do cliente, eu te achava agoniada demais em entregar o job. Se tu ia linda, uma boneca, pro trabalho, eu ia de mendiga mesmo e sempre te escutava dizer que eu podia ter colocado aquela blusa lá, ou aquele cinto, ou ter colocado um saltinho. Se eu pensava cem vezes antes de gastar dinheiro com aquela festa que nem parecia ser lá essas coisas, em meia hora tu decidia que ia, arrumava ingresso e tentava me convencer de ir junto.

Mas foi justamente por conta de toda essa diferença que a gente aprendeu tanto. Tu já encarava o trabalho de outro jeito, já tentava lombrar menos com algumas pessoas (especialmente aquelas que te faziam chorar e me davam vontade de matá-las por isso), já via que nem sempre dava pra agradar todo mundo.
Já eu, só pra citar algumas coisas: muitos dos meus vestidos deviam te agradecer só de estarem lá em casa (muitas das bijus também); se hoje me arrisco mais, se me emociono mais, se demoro um pouco mais pra ligar o foda-se pro mundo, devo ao que aprendi contigo; a conversa que tivemos naquela dita sexta-feira, sobre a Mahikari e sobre como a raiva que sentimos dos outros normalmente são reflexos de não gostamos em nós mesmos, reverbera em mim até hoje e talvez tenha sido mesmo o dia em que mais aprendi.

Apesar de tu sempre ter dito que eu tinha cara/jeito/potencial pra professora, foi tu quem me ensinou mais. E ainda vai ensinar por muito tempo, toda vez que eu pensar em ti.

Fica em paz, minha amiga, meu mais novo anjo da aguarda. E, quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel




segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

querida Mari,

Hoje faz um ano do "dia do desmaio". Sempre que lembro dessa tarde exclamo mentalmente: ESSE DIA FOI MASSA! 

Era só uma saída no domingo a tarde pra tomar um sorvete, quem sabe uma cerveja, quem sabe uma caipiroska na praia, quem sabe zerar o cardápio de caipiroskas do bar, quem sabe combinar todo o carnaval de 2013 e, pelo adiantado da hora, quem sabe virar a noite e comemorar o aniversário de Samanta já que estamos aqui, né?

Tudo bem que o "desmaio" foi no dia 24, mas sabemos que ele foi construído engraçadissimamente ao longo do 23 de dezembro. 

Quando receber, me lembra quantos pontos tu levou no supercílio e me avisa.

Beijos,
Carol.




domingo, 22 de dezembro de 2013

querida vida,

Será que rola de mandar uns manuais atualizados para mim? Estou me sentindo meio tonta. Mas não é de bebida ou uso de substâncias alucinógenas. Apenas não estou sabendo o que fazer nos últimos dias. Se não der para mandar um manual, manda uns acontecimentos mais fáceis de entender e relacionamentos mais fáceis de conduzir. Pode ser? Quando receber, me avisa.

Saudações,

Seane.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

querido universo,

Não sei se essa carta é exatamente pra você, mas pelo que ouço de: "O universo tá de brincadeira com a minha cara" ou "Hoje o universo colaborou com meu dia", acho que é para você mesmo.

Enfim, voltando ao assunto... Olha, eu acho que já entendi que você trabalha num esquema de compensações, um dia tá ruim, outro tá ótimo (como esse cara aqui muito bem explicou). Mas precisa ser assim tão de supetão? Não pode ser um dia mais ou menos, outro legalzinho, outro nhé, outro até que vai?

Apesar dos pesares e da montanha russa em que você me meteu (ok, ok, eu que me meti), sei que são esses sustos (e alegrias, porque você também sabe ser gente boa) que fazem as histórias da vida e garantem as risadas no futuro. De qualquer forma, eu queria pedir para você aproveitar o clima de final de ano e pegar leve comigo, pode ser? Falta pouco pra 2014, acho que você consegue ficar tranquilo até lá. Quando receber, me avisa.

Beijoca,
Mari.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

querido novo cabelo,

Estou orgulhosa de você. Depois do nosso exercício de desapego, cortando aquele monte de fios, estamos indo bem. Quer dizer...

Beeeeeeem assim, temos testado tudo pra você ficar de boa, né. Achei bem ótimo chegar da academia na segunda-feira, lavar o cabelo, dar uma sacudida, uma amassada com o mousse e sair pro trampo. Mas ainda precisamos encontrar os parceiros ideais, nossas almas gêmeas. A penteadeira está cheia: mousse, spray ficador, pomada, reparador de pontas, xampus, condicionadores, cremes de massagem...

Só repara que, se você está menor, querido, a despesa também tem de ser. Então vê se escolhe logo um desses (de preferência o mais barato) pra se apegar e, quando receber, me avisa.

Beijos
Bel


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

querida inspiração,

Sofro de saudade de você. Entendo que, a essa altura do ano, você já esteja no seu direito de férias, mas veja bem, ainda temos uma semana útil no mês para dialogarmos. Você vem aqui. Te ofereço café, piscina, uma partidinha do jogo que você quiser. Não precisa se arrumar para aparecer: pode vir de chinelo, cabelo desalinhado. Olha, não precisa nem escovar os dentes. Sem você não estou conseguindo, nesta carta, nem passar deste parágrafo. E, no arquivo que está aberto no word, não conseguirei passar da primeira página. 

Só gostaria de virar o ano com pelo menos dez mil caracteres preenchendo aquele grande vazio que é o arquivo projeto.doc. Me ajuda, vai? 

Quando receber, me avisa.

Abraços, 
Carol

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

querido sono,

Volte! Sei que esse papo é manjado, mas tenho que te alertar. Todo mundo fala que essa menina Ansiedade é problemática. E, pelo que eu pude perceber nesses últimos dias, ela tem influenciado muito você. Cadê aquelas visitas longas que duravam das 00h até às 10h da manhã? E aquelas rapidinhas depois do almoço? Como você não vem, o Cansaço tem ocupado o seu lugar. Mas você sabe que não me dou muito bem com ele!

Sinceramente, nunca imaginei que você pudesse me deixar depois de tantos anos de parceria. Mas não estou aqui para lamentar e, sim, para implorar: volta pra mim essa noite, Soninho? Quando receber, me avisa.

Abraços,

Seane.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

querido Mandela,

Não vou me prolongar aqui, porque sei que sua Caixa de Entrada aí em cima deve estar lotada de tanto discurso, homenagem e oração que andam enviando.

Mas olha, parabéns por ter sido um dos poucos capítulos da história da África que realmente conseguiram chegar até nós, que pouco recebemos, na escola, algum conhecimento sobre esse continente tão rico e que nos deixou tanta herança.

Com atitudes exemplares, e outras nem tanto, o senhor deixou de ser gente pra se tornar símbolo, um alguém quase sagrado. E isso é muita coisa. A gente que fica tem que pegar o melhor e levar com a gente pra frente.

Ficamos lhe devendo um filme caprichado sobre a sua vida., mas ainda vai rolar. Descansa em paz aí e, quando receber essa mensagem no meio de tantas outras, me avisa.

Beijos, Madiba.
Bel




sábado, 7 de dezembro de 2013

querida copa do mundo,

É sempre muito polêmico falar sobre você, mas saiba que te aguardo ansiosamente. Existem teses e mais teses sobre alienação, ufanismo, sobre como as pessoas são atingidas, sobre como o evento influencia escolha de líderes, sobre como a economia gira e sobre como o planeta para. Ninguém mente, ninguém inventa nada. São todos pontos válidos. São as minhas verdades. São os nossos discursos. Assim o mundo segue discutindo a prática esportiva, a eleição dos heróis, os afetos e os ódios. É o normal. 

Teorias a parte, quero dizer a você que uma das primeiras lembranças que tenho da minha infância é daquele moço que usava rabo de cavalo, que vestia azul, que andou com a bola debaixo do braço do meio do campo até perto do gol, arrumou a bola no círculo branco, deu alguns passos pra trás, correu pra chutar e jogou a bola longe. Eu tinha seis anos e comemorei, mas juro que fiquei com pena do moço. 

Quero aproveitar para confessar a você que por muito tempo fui magoada com os franceses. Por que, Zidane? Por que, Henry? Puta merda, Roberto Carlos! 

Mágoas a parte, esta carta é para lembrar que espero emoção. Quero vagas decididas nos pênaltis. Quero zebras. Quero hinos cantados com toda força. Quero Ronaldinho de falta, quero destempero do Zidane, quero uma mãozinha (que pode ser de Deus ou nem tanto), quero cavadinha do Loco Abreu. Quero Bósnia x Croácia. Irã x Eua. Brasil x Argentina.

Anote os meus pedidos e minhas considerações e, quando receber, me avisa.

Cordialmente,
Carol. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

queridos homens,

Eu sei. Devo ser chata com vocês. Principalmente quando fico falando: “isso é machismo”, “esse cara é misógino”, “mulheres são estupradas por amigos e conhecidos”, etc.

Deve cansar e vocês, muito provavelmente, devem pensar que tudo isso faz parte dessa nova moda de mulheres engajadas com o feminismo. Bom, desculpem qualquer coisa. Mas é que eu, mulher, também estou cansada.

Cansa a gente ter que explicar pras pessoas, por exemplo, porque não dá pra rir de um vídeo genial dizendo que “se você gosta de mulher (vulgo “escravo de buceta”), você nem deveria poder usufruir de todos os avanços tecnológicos que os HOMENS conquistaram”. Cansa mesmo! *respira profundamente*

Mas aí, em um dia comum de piadas machistas e TPM, eis que surge um vídeo de um homem (MESMO) que quer ter uma conversa com vocês. https://www.facebook.com/photo.php?v=10152116670191495

Assistam aí e, quando receberem, me avisem.

Abraços,

Seane


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

querido celular,

Sei que você não é nenhum Nokia a prova de tudo e de todos. Também estou ciente que dois anos de uso são quase uma eternidade pra essa geração de smartphones criados no leite com pera, mas quero te pedir uma coisa: guenta aí, cara!

Não estou em condições de substituí-lo, então, para de travar dez vezes por dia (cinco e não se fala mais nisso, ok?!), faz essa bateria render e não fica mudando a hora ou os toque de chamada/mensagem quando bem entender (aliás, que loucura é essa, meu filho?).

Sou muito grata pelos seus serviços e, por mim, continuaríamos juntos por mais bastante tempo. A decisão de partir é toda sua. Fica mais um pouco, faço até um bolo. Quando receber, me avisa.

Um abraço apertado,
Mariana.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

querido ferreiro,

Não sei quem lhe mandou colocar um espeto de madeira em casa, em vez de um de ferro, mas o senhor me causa um grande prejuízo com esse seu ditado:

Casa de ferreiro, espeto de pau.

Eu, uma pessoa com duas (!) graduações em Comunicação Social, sofro adivinhe de quê? Problemas de comunicação. Acerto no slogan, na defesa, no roteiro, mas erro pra resolver coisas simples com as pessoas. Acho que uma parte é culpa sua, outra (quase toda), minha.

Vamos rever essas nossas práticas, porque nossas imagens tão em jogo, querido.
Vai pensando nisso aí e, quando receber, me avisa.

Beijo
Bel


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

querido carteiro novo,

Estou adorando essa nova campanha dos correios que aproxima os vizinhos. Tão simples e tão bela. Todo fim de tarde, eles tocam o interfone no intuito de pegar as correspondências que, possivelmente, você tenha deixado em nossa caixa do correio. Tem sido ótimo. Muitos deles adoram conversar sobre a rua, sobre o tempo, sobre a vida, sobre o tanto de tempos que não nos víamos.

Num tempo em que tantas coisas nos afastam, acho que distribuir cartas pelas caixas aleatoriamente é realmente a saída para um mundo melhor. Nessa campanha vocês conseguiram mudar nossas perspectivas.

Se alguém não tinha motivo algum para buscar coisas novas na vida, agora tem que ir em busca das correspondências. E o que seria buscar correspondência na nossa sociedade atual? Essa ação é cheia de significados. Logicamente, quem não entendeu a campanha vai achar que é só pra dar trabalho. Mas não, não é isso. Estamos em contato com o outro para por em questão o que nos aproxima e, principalmente, o que nos afastou antes de você, carteiro novo, chegar. Agora eu sei que o vizinho do lado assina a Placar. Ele deve ter recebido nossa Arquitetura e Construção. Agora sabemos onde nos aproximamos e porque nos afastamos. Estamos achando as nossas correspondências.

Parabéns pela campanha, obrigado por ampliar o significado dessa palavra e, quando receber, me avisa.

Cordialmente,
Carolina

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

queridas doceiras,

Em um mundo globalizado, com tanta informação disponível na Internet, não é muito difícil achar uma receita de brigadeiro, certo?

Então por que diabos vocês insistem em chamar essa coisa que vocês fazem de brigadeiro? Brigadeiro não é chocolate com água, chocolate com maisena, chocolate com creme de leite, chocolate com sabe-lá-deus o que tem na mistura!

E beijinho?! Minhas senhoras, nunca comi um beijinho com tanto cravo na mistura. O cravo é só enfeite. Quem disse que era um dos ingredientes estava de sacanagem com vocês.

Quando receberem, me avisem. E parem de estragar os melhores docinhos do mundo!

Abraços da magra-gorda,
Mari.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

querido word,

O fim do semestre está aí e, posso te garantir, não está sendo fácil! Até a primeira semana do próximo mês tenho que entregar um relatório que já muito me causou medo e é aí que você entra. Quando o sábado estava nublado e as esperanças escassas, você me fez voltar a sorrir com um simples sumário automático. Desde então, acho que este é o melhor relatório que já fiz na vida e me sinto animada para continuar a viver e tentar me tornar uma pessoa melhor. Tudo graças a você! Muito obrigada! Quando receber, me avisa.

Abraços cheios de sumários,

Seane.


sábado, 23 de novembro de 2013

querido happy hour,

A gente sempre se deu bem, de fato. Acho que quando resolvi trabalhar em agência, já pensei em ter esticadinhas pós-trabalho como tinha esticadinhas pós-aula na UFMA. E deu super certo. Mas, sabe o que é? A gente não pode ficar se vendo todo dia! Nem o namorado eu vejo todo dia, magina!

O problema não é você, querido. Nem as companhias. O problema sou eu.
Descer pro play sem saber a hora certa de parar de brincar tem seu custo = a produtividade.

Então, vamo fazer assim: a gente dá um tempo, vê como é viver longe, conhece outras pessoas e daí decide quando volta. Que tal? Não, não fique puto, sei que você ainda vai encontrar muita gente interessante.
E eu volto. Um dia. Fica de boa e, quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

querida vovó,

Onze anos atrás, tive um medo terrível de te perder quando você sofreu aquele avc. Foi grave. Nunca mais ouvimos sua voz completar uma frase coesa. Nunca mais pudemos ouvir o seu arrastar de chinelos ao caminhar. Nunca mais sentimos o sabor dos seus temperos. Às vezes tenho a sensação que estamos te perdendo aos poucos. Na comemoração do penta, a senhora já estava em casa. Era aniversário da Marina e também o seu renascimento. Era o primeiro dia em casa da nova vida cheia de limitações. Vida avessa àquela anterior, a dos excessos. 

No ano seguinte, mais um susto. Aquela cirurgia gravíssima de ponte de safena. Foram 10 horas de cirurgia e aquele risco de tudo ir por água abaixo ao colocar o coração pra funcionar de novo. Deu tudo certo. E quando parecia estar tudo bem, veio o câncer. Nossa vida virou do avesso em seis meses. Da descoberta à cirurgia para retirada da mama, em seguida, e a primeira sessão de quimio. Parecia que ali as forças iriam faltar. A senhora ficou carequinha, mas nunca precisou ficar internada depois da quimio. No máximo um enjoozinho aqui outro acolá. Quanta força. Foi a época em que o Jota e o Victor também ficaram carecas. Eram os netos mais novos passando no vestibular. 

Morro de saudade da sua voz, daquele jeito de pentear o nosso cabelo que dava um sono super gostoso, daqueles farofas estrambóticas deliciosas, da sua feijoada (apesar de mamãe fazer uma bem parecida), dos bolos... Me perdoe por ter torcido várias vezes a cara quando ia pra sua casa e a senhora não tirava do Silvio Santos por nada. Hoje vejo que foi um dos meus maiores erros. Mas vô, pare de comprar telesena. Tá provado que ninguém ganha isso. Vó, pare de birra pra usar o balão de oxigênio porque a senhora pode adorar hospital, mas a UDI e o São Domingos vêm a senhora como uma mina de dinheiro. E outra coisa, vó, a sua cadeira de rodas tá com o pneu ótimo, se encher mais, vai explodir.

Só peço que a senhora tenha força nesses seus pulmões cansados e continue, apesar de todo o retrocesso, sendo essa fonte de saúde. E feliz aniversário ♥.

Te amo,
Carolzinha

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

querido novo trampo,

Você e eu sabemos que não adianta: agência é (quase) tudo igual, cliente é tudo igual, só muda o endereço. Mas, ainda assim, está sendo sensacional mudar gradativamente de rotina, de espaço e de pessoas. Até a cabeça da redatora aqui dá uma arejada, fica pipocando de ideias novas, mesmo prum panfletinho.
Espero que esse nosso relacionamento seja intenso e divertido! E que seja eterno enquanto dure.
Enquanto isso, quando receber, me avisa, querido.

Beijos,
Bel


domingo, 17 de novembro de 2013

querido metropolitano de Lisboa,

Tá na hora de atualizar as suas plaquinhas de localização. Esse lance de saída para a nascente/poente dos lugares não está com nada!

Ou você acha mesmo que eu sei se o lugar que eu quero ir está para o lado da nascente ou do poente? Basta eu olhar a plaquinha pra me dar uma tristeza, um aperto no peito e, claro, a certeza de que vou escolher o lado errado, vou me perder e andar um monte na direção errada.

Adote a técnica dos pontos de referência, dá muito mais jeito, acredite.

Um grande abraço da sua usuária desorientada,
Mari.



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

querida plataforma lattes,

Não vejo a hora de você ser comprada pelo google. É um desejo antigo que acho que iria fazer bem pra nós duas. Você já melhorou bastante, isso é fato, mas existem alguns elementos que fazem parte do suprassumo da irritação. 

As plásticas que você recebeu de 2009 pra cá foram fundamentais para que nós pesquisadores pudéssemos nos encontrar. Lembro da época em que o que eu tinha de mais importante era uma extensão e simplesmente sofria a angústia de não saber onde colocar. Hoje, se eu quiser colocar o meu blog, consigo facilmente.

Mas como nem tudo é perfeito, se eu quiser achar um pesquisador que não tenha doutorado, tenho que selecionar aquela caixinha embaixo do nome. Vou dar uma diquinha: isso é muito chato. Deixa a gente só colocar o nome do pesquisador e ser feliz no stalker nosso de cada dia, cara. 

Também aguardo ansiosamente pelo algoritmo antitruque. Esse artifício pode começar não deixando com que os pesquisadores coloquem português como idioma dominado e bolsa de pesquisa como prêmio. Aliás, o cnpq poderia mandar uma carta abominando esse tipo de truque porque tudo tem limites, né? Faz o seguinte: pensa direitinho em tudo isso e, quando receber, me avisa.


DINIZ, Carolina. Querida Plataforma Lattes. In: QRMA, São Luís, 2013.



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

querido cabelo,

Você precisa ser cortado. Sério! Precisamos evitar que os colegas do meu namorado continuem achando que eu faço parte de alguma igreja cristã super conservadora (digamos desta forma para não reforçar estereótipos). Precisamos também evitar que você continue me dando o trabalho que tem dado quanto à limpeza da casa. Sabe, seria legal você deixar o chão do banheiro livre para a queda dos cabelos dos outros habitantes também.

Sei que já tivemos essa conversa várias vezes, mas me sinto no dever de inicia-la novamente porque eu sei que você teve uma grande parcela de culpa no pequeno acidente de sexta. Eu tinha marcado um horário no cabelereiro e você sabe disso. Não foi nada legal ter torcido para que algo me atrapalhasse. E sua torcida foi tão forte, que eu, por minha vez, também torci. Só que o pé. Estou mandando esta cartinha para pedir que você pare de tentar conter o curso artificial da vida. Cabelos são cortados o tempo todo! E a julgar pelo preço do corte aqui em São Paulo, após esse, o próximo corte só será em 2015. Fica tranquilo e, quando receber, me avisa.

Abraços,

Seane.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

querida intuição,

Não sei não, mas acho que tem algum parafuso folgado no seu leitor de situações. Esse ano poucos dos antigos sinais funcionaram. Mas tudo bem. Ultimamente tenho me firmado em um conselho que nem foi dado a mim. Pelo contrário: foi interceptado pela minha ansiedade em um momento de stalker. Dizia que tudo vem quando a gente está sereno. Nunca pensei que fosse servir para mim já que nunca me vi como uma pessoa serena. Na repetição da certeza do extremo, segue o meu "muito pelo contrário": me criei na agitação. Mas a gente cansa, desacelera e encontra moradia no voo do pau da barraca. Não veio nada ainda, mas a serenidade parece um lar confortável. Estou por aqui. Quando receber, me avisa.

abraços,
Carol.

domingo, 3 de novembro de 2013

querida TAM Staralliance,

Como você ainda não sabe, sou maranhense, mas, no momento, moro em São Paulo. O que isso quer dizer? Você pode se perguntar. Bom, isso quer dizer que eu tenho família no Maranhão. E que seria muito triste trocar o calor fraterno do Natal em família pelo calor seco do verão paulista. Na verdade, não só triste, aterrador. Entendeu agora? Então, vou direto ao assunto: deixa o espírito natalino comover o coração capitalista dessa empresa! Faça boas promoções durante novembro. Não peça tantos mil pontos nas passagens de dezembro. Quem inventou esse papo de alta temporada tava por fora. O Natal vai ser miado, olha. Deixe esse preço pra época da copa! Que tal?

Pensa com carinho e, quando receber, me avisa, de preferência antes de anunciar a promoção pra geral.

Abraços,

Seane.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

querido planeta terra,

Você já está girando desse mesmo jeitinho há muito tempo. Que tal mexer um pouco na rotina e dar uma mudada na sua rota, posição ou até mesmo inclinação?

Não gostou? Poxa! É uma ideia tão boa. Como assim de onde eu tirei isso?! Da minha cabeça, claro... e do meu quarto, que não apanha um raio de sol sequer e fica assim um tanto quanto gelado.

Winter is coming, querido. Imagina só como não vai ser minha situação. Você sabe, lá onde eu morava não existia frio. Considere o meu pedido e me ajude a não virar um picolé, por favor. Quando receber, me avisa.

Saudações calorosas,
Mari.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

querido outubro,


Olha, você arrasou! Mesmo! You rocked! Na verdade, se eu soubesse que você seria tudo isso, eu tinha me preparado melhor.
E olha que já haviam grandes expectativas desde a sua chegada, afinal, era mês de férias (!), de festival, de aniversário do namorado...mas nada comparado ao que foi.
Muita festa, muita gente nova, muitas mudanças (daquelas radicais) e muita cerveja. Novembro ficou com uma missão difícil, agora que você está se despedindo. Até dezembro vai sentir as consequências, que são, até agora, bem dignas.
Vá com Deus e a pomba do Divino e, quando receber, me avisa.


Brigadão!
Bel



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

querido candidato,

Cada um tem seu jeito de se concentrar para fazer prova, mas você acha mesmo que a melhor forma de se sair bem é simulando um piquenique? Fora o barulho do pacote abrindo, não tenho nada contra. Só acho meio estranho uma pessoa chegar com biscoito, pipoca, suco pra fazer uma prova. Me perdoe se esse medo da fome for algo ancestral, explicado por karma, herança de vidas passadas.

Veja bem, esse é apenas um tipo loucura em dia de prova. Existem aqueles saídos de música do Martinho da Vila: os tipo cabeças e desequilibrados, candidatos confusos de guerra e de paz. Todos explicáveis pelo calor no momento. Mas somente o tipo faminto me intriga mais que todos por destemer desastres de sujeira e de perda de tempo. Quando receber, me avisa e tenta explicar essa fome incontrolável. 

Cordialmente,
A fiscal.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

querido coleguinha de turma,

Acredito que quando nos inscrevemos em um curso por livre e espontânea vontade é porque desejamos aprender alguma coisa. Qualquer coisa, talvez.

Então, menos teimosia, menos apego, mais coração aberto para as novidades e, principalmente, mais foco. 99,9% dos outros coleguinhas já manda um rolling eyes quando a polêmica começa. Discussões são ótimas, enriquecem a aula etc. Agora, discussões sobre o sexo dos anjos apenas comem nosso precioso tempo e não chegam a lugar algum.

E perguntar a idade dos professores e repreender o amiguinho que chega atrasado? Que deselegante.

Não se zangue comigo, estou falando isso para o seu bem. Quando receber, me avisa.

Abraços,
Mariana.









domingo, 20 de outubro de 2013

querido Sampaio Corrêa,

O futebol bonito está na raça extravasa quando nos damos conta que estamos próximos ao sublime. Por isso tanta vibração com os chutões pra lateral. Foi duro ver aqueles dois gols já quase no fim da partida, mas nada supera a sensação de ter sentido o estádio tremer nos cinco gols e pulsar a cada lance agudo. Estavam vibrando na mesma frequência o time e a torcida.

Era só segurar o 5 x 1, mas o 5 x 3 também foi interessante. Torcer é um verbo que pressupõe esforço e, às vezes, dor, por isso, nunca será fácil. Foi fantástico ver a torcida jogar junto e ver a cidade em clima de copa do mundo. Foi o dia em que São Luís virou La Paz, sem a altitude de sei lá quantos metros, mas com um caldeirão empurrando a nossa Bolívia Querida.

Faltam só noventa minutos. Vamos lá!

Saudações tricolores,

Carolina.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

querido senhor da loja de carimbos e tipografia da R. Dr. Cesário Mota,

O senhor não sabe o que aconteceu ontem depois que saí da sua loja! Não, não fui abduzida se foi isso que você pensou. Muita coisa aconteceu, na verdade, almocei, lavei louça e traduzi algumas páginas, por exemplo. Mas isso não é o importante. Queria contar que saí passando cola super bonder em todos os números que você me vendeu e que colei da forma que achei melhor. Mas quando dei por mim, estava tudo torto, eu não fazia ideia de como descolar para refazer e, para completar, derramei boas porções de cola nos meus dedos. Ou seja, deu tudo errado. Agora a minha porta está bem feia, mas a culpa não é sua. Só queria te contar. Quando receber, me avisa.

Saudações,

Seane.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

querido bloguinho,

Peço que mi perdoi por aparecer por aqui tão tarde. Não só por isso... peço desculpas também porque esqueci o assunto da cartinha de hoje.

Bom, hoje foi impossível acordar cedo. Até tentei, mas desliguei o despertador e voltei a dormir com o celular ali no meu travesseiro. Quando finalmente levantei, tive de ao supermercado, almocei rapidinho e fui bem mais cedo pra faculdade. Cheguei há pouco, às 23h e tantas. Mas eu prometo que vou me organizar melhor para o nosso próximo contato.

Não fica chateado comigo, tá bom? Quando receber, me avisa.

Beijos, 
Mari. 


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

querido George R.R. Martin,

Olha, o que o senhor está fazendo os leitores é, pra começo de conversa, uma grande sacanagem. Como você, esse velhinho de cara simpática e que, inclusive, me lembra um hobbit, é capaz de tamanho sadismo?!

Ok, já fui avisada desde o livro 1 que o senhor não tava de brinks com jogo dos tronos, mas isso de fazer a gente se apegar aos personagens e depois sair matando a galera quando a gente menos espera é muito, muito cruel.

Consegui manter a paciência depois da morte nojenta do primeiro livro. Sobrevivi a casamentos vermelhos, roxos e de além-mar. Mas sempre pensei: vá aprontando das suas, mas se matar meu personagem favorito, largo essa palhaçada. E lá o senhor me fez chegar até o final do quinto livro, após milhares de páginas, e dar de cara justo com isso.

Féladaputa desgraçado lhe define.

Para sua sorte, seus leitores são como mulher de malandro: apanham e apanham, mas depois voltam. Quando lançar o sexto livro e quando receber esta carta, me avisa.


Bel


sábado, 12 de outubro de 2013

queridas criancinhas,

Tenho algumas dicas pra vocês. Enquanto puderem, durmam quando tiverem sono e só levantem quando toda a preguicinha acabar. Esqueçam isso de acordar cinco da manhã. Um dia vocês terão que acordar esse horário e saibam que deus estará com uma cartelinha marcando sua reclamação. Continuem chorando quando estiverem com sono. Sempre achei bastante honesto esse pequeno ato e ajuda a cansar os olhos. Hoje em dia, infelizmente, não dá pra sair por aí chorando de sono sem ser julgada. Nesse caso, não deus, mas várias pessoas ao seu redor estarão com cartelinhas marcando as suas fraquezas.

Aproveitem a piscina dos amiguinhos, do prédio, de casa. Quando eu era pequena, era um patinho para água, mas nos anos 90 a instabilidade política e econômica (pede pros teus pais explicarem o que é isso pra você) fazia tudo ser mais caro e, por isso, ter piscina em casa era meio complicado. Portanto, enquanto puder, banhe de piscina até a vista ficar azulada e exercite seus pulmões agora, pois no futuro você vai ficar com preguiça de hidratar o cabelo depois do mergulho.

A internet é bem legal, mas você passará boa parte da sua vida em frente ao computador, de celular na mão, sempre conectado. A vida online cansa, angustia, torna as pessoas ansiosas. Veja eu aqui escrevendo essa carta pra você... Acho que seria mais interessante passar horas vendo desenho animado. Fazia isso na infância e não me prejudicou em nada. Vão oferecer a você a galinha pintadinha, mas tenho certeza que você irá preferir uma boa história de herói daquelas que a gente assiste em pé acreditando ter o mesmo poder. É interessante que a imaginação tenha canto, mas na vida não somos espectadores de um musical. O colorido cantado é lúdico, mas você sentirá que a sua imaginação precisa de diálogos e que você precisa ser ativo. Para criar histórias você precisa ouvir histórias.

Quanto aos videogames, tenho certeza que seus pais saberão impor limites. Saiba que eles irão chantagear você durante toda a fase da infância. Então, trate de tirar boas notas porque, se fosse você, ficaria chateada de não poder jogar Rayman Legends porque não fui bem em matemática. Outra coisa, apesar de ter tido uma infância super legal, a vida adulta ainda assim conseguiu colocar uma chatice em mim. Se um dia você aparecer para me visitar, saberá que na minha casa videogame é coisa de adulto. Não se chateie. Anota aí pra me agradecer no futuro e, quando receber, me avisa.

Beijinho,
Tia Carolina.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

queridos alimentos saudáveis,

Vocês estão destruindo os meus paladar e prazer gastronômico. É sério! Essas farinhas e farelos de mil coisas (trigo, linhaça, berinjela, etc.), que são ótimos para a saúde e ainda prometem milagres, já conseguiram arruinar dois potinhos de iogurte grego. Justo o único luxo que ainda tenho me dado! Não estou mandando essa carta apenas para criar mais problemas entre nós. Gostaria apenas que vocês tentassem apaziguar nossa pendenga com uma comidinha saudável deliciosa e pouco calórica, de preferência. Quando receberem, e, principalmente, quando tiverem essa solução, me avisem.

Ps.: não vale sugerir fruta.

Abraços,

Seane.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

querida Maria,

Pelo que ouço da sua mãe, você está gostando muito da escola, tanto que nem quer tirar a farda ao chegar em casa. Fico muito feliz que você esteja adorando as aulas e espero que continue assim pra sempre.

Tenho só um pedidozinho de nada para fazer. Tire a farda quando sua mãe pedir. Não faça com que ela grite n vezes falando a mesma coisa. Sabe o que é?! A janela do meu quarto é bem em frente à sua casa e os gritos da sua mãe atrapalham imensamente meus estudos. Juntando isso com a minha dificuldade de concentração, você pode imaginar o quanto tem sido complicado ler durante as tardes.

Ah, outra coisa! Quando tirar a farda, não coloque o pijama, sua mãe também não gosta. Quando receber, me avisa, tudo bem?

Beijinhos,
Mariana, sua vizinha do prédio em frente.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

queridas férias,

Não tenha medo, querida, pode chegar. Sente, tome um cafezinho comigo e me ajude a terminar os milhares de jobs antes de sairmos loucas e nuas de mãos dadas pela rua.
Sei que nossos encontros sempre são breves e nunca dá tempo de botar tudo em dia e fazer tudo (entre na fila das reclamações, junto a vários amigos meus, se quiser, rs), mas olha, nunca faltam cerveja, sol e novidades, é ou não é?
Então vai fazendo a mala, salvando a grana e lembrando do nosso esquema: dormir só na volta, hotel só pra deixar bagagem e conta pra pagar, só quando a gente chegar. E, quando receber, me avisa (e vem correndo).

Beijos de saudade
Bel




sexta-feira, 4 de outubro de 2013

querido 2013,

Peço que me perdoe. Toda minha revolta acabou sendo colocada em ti. Sei que trouxeste muitas alegrias, mas nós dois sabemos que não foi um ano tão fácil assim. Tu ainda não tinhas nascido quando tive um grande romance com 2006. Foi uma relação que deu muitíssimo certo. 2010 também foi uma paixão avassaladora. Dos milinovecentos, acho que foram todos ótimos. Pouco me lembro das especifidades de cada ano, mas não lembro de ter dito, no decorrer deles, um só "pelo-amor-de-deus-acaba-logo-milnovecentosetantos". 

Quando eu vi teu perfil astral, 2013, e as combinações de aniversário no carnaval, me empolguei. Achei que poderia ser "o ano". Mas tens que reconhecer que tens um jeito assustador. Acabas em 13. É impar. Talvez essa simbologia tenha te tornado mais assustador na minha mente, mas hás de convir que boa parte dos seus feriados caíram nos fins de semana e isso já é uma puta sacanagem. De qualquer forma, quando receber, me avisa. 

Beijos,
Carolina.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

querido MyFitnessPal,

Você está me deprimindo. Todo dia é uma luta para não ultrapassar essas calorias que você estipulou para mim. E, agora, já chego a imaginar que você me deu uma média muito baixa de calorias diárias. Como assim não dá para comer duas fatias de pizza quatro queijo sem estourar minhas metas? Espero que você refaça seus cálculos e repense essa sua atitude autoritária que tanto está me machucando. Quando receber, me avisa.

Beijos,

Maria do Bairro, ops, Seane.


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

querido baiano,

Qual é a graça de estragar a diversão alheia? Olha só, pra mim, pebolim (totó, futebol de mesa ou matraquilhos, como preferir) é só uma jogo, uma brincadeira, nada de sério. Portanto, estou pouco me lixando pras suas técnicas de ataque e defesa. E é favor não me aborrecer com isso na próxima vez que eu estiver jogando ou "chuto" a bolinha bem no meio da sua testa. Quando receber, me avisa.

Grata,
Mariana.

sábado, 28 de setembro de 2013

querida balconista,


Sei que há muito nos “conhecemos”, já que tem mais de um ano que almoço neste restaurante, de segunda à sexta. Mas dava pra disfarçar um pouco mais a cara de assombro que você faz quando olha o peso do meu prato na balança?! Sim, eu dou conta de comer cada grão de arroz e cada camarão daqueles e três horas depois, estarei caçando comida pelos cantos da agência. Acredite, vai tudo pro cabelo (ao menos eu acredito). Anota direitinho a minha conta, manda pra chefia e, quando receber, me avisa.

Beijos de pudim,

Bel.


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

querido 2013,

Tal e qual Rita do Chico, você me levou meus planos, meus pobres enganos e graças a deus, a alá, a ogum, a sei lá quem você está nos acréscimos. Sim, acréscimos, porque se você for ver mesmo já está todo mundo de olho em 2014. Só se fala em eleições, copa do mundo, do mundo entrando em um plano espiritual superior. Ele é sol, praia, amor. Doismilecatorze é um moreno lindo que todos querem se fazer. É par, meu par. Qual o seu legado, 2013? O que você fez de legal pras pessoas? Até onde eu  sei, nada querido. Pois veja, vou te dar um  conselho: pegue seu banquinho e saia de mansinho e, quando receber, avise 2014 que o quiero con limón.

Cordialmente,
Carolina.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

querida greve dos bancários,

Sinto-me no dever de alerta-la. É o seguinte: é óbvio que os capitalistas estão armando um esquema para sujar a luta de vocês. Veja bem, sou estudante e bolsista da CAPES, então, você deve imaginar como estão as minhas finanças. Acontece que, esse mês, eu também deveria receber um auxílio para participação em evento e estou esperando esse depósito desde o comecinho do mês. Fui informada de que ele seria depositado até a semana passada, mas acabo de receber um e-mail dizendo que não caiu por causa da greve. 
Percebem? Eles estão jogando a culpa para cima de vocês. Mas isso não pode ficar assim! Sugiro que vocês se reúnam e vejam se não dá pra depositar o dinheiro do proletário, pelo menos. Na esperança de uma assembleia antes do vencimento do meu cartão, envio esse alerta. Por favor, quando receber, me avisa.

Beijos aflitos,

Seane.

domingo, 22 de setembro de 2013

queridos portugueses,

A recepção está sendo ótima! Não tenho mesmo do que reclamar ♥ 

Mas preciso compartilhar o tamanho da minha confusão mental quando falam comigo e não se referem a mim como "você" ou "tu". Cada vez que falam "a menina faz o que achar melhor", tenho pequenas crises de identidade me perguntando "sim, mas que menina???" até entender que, opa!, a menina sou eu. Também não fico menos confusa quando dizem "a Mariana pode fazer isso...". Dada a quantidade de Marianas que existem por aqui, sempre acho que estão falando de qualquer outra.

Bom, terei tempo para me acostumar e logo mais não farei cara de interrogação tentando entender se estão falando comigo ou de outra pessoa. De qualquer forma, quando receberem, me avisem.

Um abraço,
Menina Mariana (eu mesma, no caso).

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

querida Mari,

Segunda usei o relógio pela primeira vez. Aqueeele relógio. O que comprei de par há meses, chegou e cuja caixa ficou perdida em algum lugar lá de casa. Acho que foi nessa hora que percebi mesmo que tu estás do outro lado do mundo e que já não dá pra "levar pra agência, que Mari passa lá quando sair do trampo andando" ou "entregar pra ela na próxima corrida".
(Mas ó, com ou sem relógio, continua correndo aí que eu continuo daqui! A gente compartilha quilômetros pelo RunKeeper! <3)

Eu até tenho o que fazer com dois relógios, mas essa saudade tá meio inútil aqui. Será que ele dura até eu te encontrar de novo? Será se a bateria aguenta? Salvei o relógio como símbolo de saudade, mas também me achei bem diva correndo com ele por aí, sorry.

Acumule quilômetros de história pra gente papear depois e, quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

querido carteiro novo,

Não, essa você não vai precisar entregar. Veja bem, não sei qual doença ou distúrbio perturba seu Laudolino, nosso semi-vizinho, mas quando ele preenche o endereço para correspondências, coloca o da minha casa. Ele não erra somente o número da casa como também o nome da rua. Ele deve estar bem, pois ainda consegue acertar o próprio nome, se for o nome dele de fato. No que ele erra, acerta a já abarrotada caixa de correio da minha casa.

Descobrimos, pela curiosidade bisbilhoteira e paparazzi do meu pai, que ele mora na rua paralela a nossa. Temo que ele esteja prestes a perder o crédito no cartão, a linha de telefone, a luz da casa, a conexão da internet e o hábito de pagar as contas. Enquanto isso, nossa caixa do correio continua a encher de contas de um estranho. Peço que não se irrite ou se sinta ofendido e, quando receber, me avisa.

Cordialmente,
Carol.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

querido Italo,

Desculpa a intimidade, mas achei que "Querido, Calvino" poderia deixar dúvidas quanto à sua identidade. Não sei se estou enviando esta carta para agradecer ou reclamar. Sabe, a questão da linguagem e da realidade sempre me intrigou, mas nunca consegui me aproveitar disso para produzir bons textos literários. Bom, você conseguiu. E como conseguiu! Ontem fui dormir feliz por estar tendo essa oportunidade de ler Um General na Biblioteca e triste porque você é um filho da mãe talentoso pra cacete. Quando receber, me avisa.

Abraços,
Seane.

domingo, 15 de setembro de 2013

querida comissária de bordo,

Menos sarcasmo e mais simpatia na hora de atender os passageiros. Eu sei que papel higiênico é necessário durante a viagem, mas sério mesmo que o único lugar pra guardar 422 rolos é no compartimento acima do meu assento? Eu só queria um espacinho pra minha mochila, que, veja você, também é necessária - pra mim - durante a viagem. Reveja suas atitudes e procure um novo cabeleleiro, pois essa sua franja tá parecendo uma piaçava velha. Quando receber, me avisa.

Auf Wiedersehen,
QUEIROZ/Mariana.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

querida impressora,

Qual é o seu problema? É comigo? Até ontem, nossa relação estava ótima, você fazia seu trabalho direitinho e eu estava super satisfeita. Hoje, nos nossos último momentos juntas, você resolveu me tratar mal e encrencar em t-o-d-o-s os meus pedidos de impressão. Já é saudade? Poxa, cara, não fica triste, meus pais vão cuidar bem de você. Quando receber, me avisa. E comporte-se!
Beijinhos,
Mari.