sexta-feira, 29 de novembro de 2013

querido carteiro novo,

Estou adorando essa nova campanha dos correios que aproxima os vizinhos. Tão simples e tão bela. Todo fim de tarde, eles tocam o interfone no intuito de pegar as correspondências que, possivelmente, você tenha deixado em nossa caixa do correio. Tem sido ótimo. Muitos deles adoram conversar sobre a rua, sobre o tempo, sobre a vida, sobre o tanto de tempos que não nos víamos.

Num tempo em que tantas coisas nos afastam, acho que distribuir cartas pelas caixas aleatoriamente é realmente a saída para um mundo melhor. Nessa campanha vocês conseguiram mudar nossas perspectivas.

Se alguém não tinha motivo algum para buscar coisas novas na vida, agora tem que ir em busca das correspondências. E o que seria buscar correspondência na nossa sociedade atual? Essa ação é cheia de significados. Logicamente, quem não entendeu a campanha vai achar que é só pra dar trabalho. Mas não, não é isso. Estamos em contato com o outro para por em questão o que nos aproxima e, principalmente, o que nos afastou antes de você, carteiro novo, chegar. Agora eu sei que o vizinho do lado assina a Placar. Ele deve ter recebido nossa Arquitetura e Construção. Agora sabemos onde nos aproximamos e porque nos afastamos. Estamos achando as nossas correspondências.

Parabéns pela campanha, obrigado por ampliar o significado dessa palavra e, quando receber, me avisa.

Cordialmente,
Carolina

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

queridas doceiras,

Em um mundo globalizado, com tanta informação disponível na Internet, não é muito difícil achar uma receita de brigadeiro, certo?

Então por que diabos vocês insistem em chamar essa coisa que vocês fazem de brigadeiro? Brigadeiro não é chocolate com água, chocolate com maisena, chocolate com creme de leite, chocolate com sabe-lá-deus o que tem na mistura!

E beijinho?! Minhas senhoras, nunca comi um beijinho com tanto cravo na mistura. O cravo é só enfeite. Quem disse que era um dos ingredientes estava de sacanagem com vocês.

Quando receberem, me avisem. E parem de estragar os melhores docinhos do mundo!

Abraços da magra-gorda,
Mari.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

querido word,

O fim do semestre está aí e, posso te garantir, não está sendo fácil! Até a primeira semana do próximo mês tenho que entregar um relatório que já muito me causou medo e é aí que você entra. Quando o sábado estava nublado e as esperanças escassas, você me fez voltar a sorrir com um simples sumário automático. Desde então, acho que este é o melhor relatório que já fiz na vida e me sinto animada para continuar a viver e tentar me tornar uma pessoa melhor. Tudo graças a você! Muito obrigada! Quando receber, me avisa.

Abraços cheios de sumários,

Seane.


sábado, 23 de novembro de 2013

querido happy hour,

A gente sempre se deu bem, de fato. Acho que quando resolvi trabalhar em agência, já pensei em ter esticadinhas pós-trabalho como tinha esticadinhas pós-aula na UFMA. E deu super certo. Mas, sabe o que é? A gente não pode ficar se vendo todo dia! Nem o namorado eu vejo todo dia, magina!

O problema não é você, querido. Nem as companhias. O problema sou eu.
Descer pro play sem saber a hora certa de parar de brincar tem seu custo = a produtividade.

Então, vamo fazer assim: a gente dá um tempo, vê como é viver longe, conhece outras pessoas e daí decide quando volta. Que tal? Não, não fique puto, sei que você ainda vai encontrar muita gente interessante.
E eu volto. Um dia. Fica de boa e, quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel.


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

querida vovó,

Onze anos atrás, tive um medo terrível de te perder quando você sofreu aquele avc. Foi grave. Nunca mais ouvimos sua voz completar uma frase coesa. Nunca mais pudemos ouvir o seu arrastar de chinelos ao caminhar. Nunca mais sentimos o sabor dos seus temperos. Às vezes tenho a sensação que estamos te perdendo aos poucos. Na comemoração do penta, a senhora já estava em casa. Era aniversário da Marina e também o seu renascimento. Era o primeiro dia em casa da nova vida cheia de limitações. Vida avessa àquela anterior, a dos excessos. 

No ano seguinte, mais um susto. Aquela cirurgia gravíssima de ponte de safena. Foram 10 horas de cirurgia e aquele risco de tudo ir por água abaixo ao colocar o coração pra funcionar de novo. Deu tudo certo. E quando parecia estar tudo bem, veio o câncer. Nossa vida virou do avesso em seis meses. Da descoberta à cirurgia para retirada da mama, em seguida, e a primeira sessão de quimio. Parecia que ali as forças iriam faltar. A senhora ficou carequinha, mas nunca precisou ficar internada depois da quimio. No máximo um enjoozinho aqui outro acolá. Quanta força. Foi a época em que o Jota e o Victor também ficaram carecas. Eram os netos mais novos passando no vestibular. 

Morro de saudade da sua voz, daquele jeito de pentear o nosso cabelo que dava um sono super gostoso, daqueles farofas estrambóticas deliciosas, da sua feijoada (apesar de mamãe fazer uma bem parecida), dos bolos... Me perdoe por ter torcido várias vezes a cara quando ia pra sua casa e a senhora não tirava do Silvio Santos por nada. Hoje vejo que foi um dos meus maiores erros. Mas vô, pare de comprar telesena. Tá provado que ninguém ganha isso. Vó, pare de birra pra usar o balão de oxigênio porque a senhora pode adorar hospital, mas a UDI e o São Domingos vêm a senhora como uma mina de dinheiro. E outra coisa, vó, a sua cadeira de rodas tá com o pneu ótimo, se encher mais, vai explodir.

Só peço que a senhora tenha força nesses seus pulmões cansados e continue, apesar de todo o retrocesso, sendo essa fonte de saúde. E feliz aniversário ♥.

Te amo,
Carolzinha

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

querido novo trampo,

Você e eu sabemos que não adianta: agência é (quase) tudo igual, cliente é tudo igual, só muda o endereço. Mas, ainda assim, está sendo sensacional mudar gradativamente de rotina, de espaço e de pessoas. Até a cabeça da redatora aqui dá uma arejada, fica pipocando de ideias novas, mesmo prum panfletinho.
Espero que esse nosso relacionamento seja intenso e divertido! E que seja eterno enquanto dure.
Enquanto isso, quando receber, me avisa, querido.

Beijos,
Bel


domingo, 17 de novembro de 2013

querido metropolitano de Lisboa,

Tá na hora de atualizar as suas plaquinhas de localização. Esse lance de saída para a nascente/poente dos lugares não está com nada!

Ou você acha mesmo que eu sei se o lugar que eu quero ir está para o lado da nascente ou do poente? Basta eu olhar a plaquinha pra me dar uma tristeza, um aperto no peito e, claro, a certeza de que vou escolher o lado errado, vou me perder e andar um monte na direção errada.

Adote a técnica dos pontos de referência, dá muito mais jeito, acredite.

Um grande abraço da sua usuária desorientada,
Mari.



quarta-feira, 13 de novembro de 2013

querida plataforma lattes,

Não vejo a hora de você ser comprada pelo google. É um desejo antigo que acho que iria fazer bem pra nós duas. Você já melhorou bastante, isso é fato, mas existem alguns elementos que fazem parte do suprassumo da irritação. 

As plásticas que você recebeu de 2009 pra cá foram fundamentais para que nós pesquisadores pudéssemos nos encontrar. Lembro da época em que o que eu tinha de mais importante era uma extensão e simplesmente sofria a angústia de não saber onde colocar. Hoje, se eu quiser colocar o meu blog, consigo facilmente.

Mas como nem tudo é perfeito, se eu quiser achar um pesquisador que não tenha doutorado, tenho que selecionar aquela caixinha embaixo do nome. Vou dar uma diquinha: isso é muito chato. Deixa a gente só colocar o nome do pesquisador e ser feliz no stalker nosso de cada dia, cara. 

Também aguardo ansiosamente pelo algoritmo antitruque. Esse artifício pode começar não deixando com que os pesquisadores coloquem português como idioma dominado e bolsa de pesquisa como prêmio. Aliás, o cnpq poderia mandar uma carta abominando esse tipo de truque porque tudo tem limites, né? Faz o seguinte: pensa direitinho em tudo isso e, quando receber, me avisa.


DINIZ, Carolina. Querida Plataforma Lattes. In: QRMA, São Luís, 2013.



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

querido cabelo,

Você precisa ser cortado. Sério! Precisamos evitar que os colegas do meu namorado continuem achando que eu faço parte de alguma igreja cristã super conservadora (digamos desta forma para não reforçar estereótipos). Precisamos também evitar que você continue me dando o trabalho que tem dado quanto à limpeza da casa. Sabe, seria legal você deixar o chão do banheiro livre para a queda dos cabelos dos outros habitantes também.

Sei que já tivemos essa conversa várias vezes, mas me sinto no dever de inicia-la novamente porque eu sei que você teve uma grande parcela de culpa no pequeno acidente de sexta. Eu tinha marcado um horário no cabelereiro e você sabe disso. Não foi nada legal ter torcido para que algo me atrapalhasse. E sua torcida foi tão forte, que eu, por minha vez, também torci. Só que o pé. Estou mandando esta cartinha para pedir que você pare de tentar conter o curso artificial da vida. Cabelos são cortados o tempo todo! E a julgar pelo preço do corte aqui em São Paulo, após esse, o próximo corte só será em 2015. Fica tranquilo e, quando receber, me avisa.

Abraços,

Seane.


terça-feira, 5 de novembro de 2013

querida intuição,

Não sei não, mas acho que tem algum parafuso folgado no seu leitor de situações. Esse ano poucos dos antigos sinais funcionaram. Mas tudo bem. Ultimamente tenho me firmado em um conselho que nem foi dado a mim. Pelo contrário: foi interceptado pela minha ansiedade em um momento de stalker. Dizia que tudo vem quando a gente está sereno. Nunca pensei que fosse servir para mim já que nunca me vi como uma pessoa serena. Na repetição da certeza do extremo, segue o meu "muito pelo contrário": me criei na agitação. Mas a gente cansa, desacelera e encontra moradia no voo do pau da barraca. Não veio nada ainda, mas a serenidade parece um lar confortável. Estou por aqui. Quando receber, me avisa.

abraços,
Carol.

domingo, 3 de novembro de 2013

querida TAM Staralliance,

Como você ainda não sabe, sou maranhense, mas, no momento, moro em São Paulo. O que isso quer dizer? Você pode se perguntar. Bom, isso quer dizer que eu tenho família no Maranhão. E que seria muito triste trocar o calor fraterno do Natal em família pelo calor seco do verão paulista. Na verdade, não só triste, aterrador. Entendeu agora? Então, vou direto ao assunto: deixa o espírito natalino comover o coração capitalista dessa empresa! Faça boas promoções durante novembro. Não peça tantos mil pontos nas passagens de dezembro. Quem inventou esse papo de alta temporada tava por fora. O Natal vai ser miado, olha. Deixe esse preço pra época da copa! Que tal?

Pensa com carinho e, quando receber, me avisa, de preferência antes de anunciar a promoção pra geral.

Abraços,

Seane.


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

querido planeta terra,

Você já está girando desse mesmo jeitinho há muito tempo. Que tal mexer um pouco na rotina e dar uma mudada na sua rota, posição ou até mesmo inclinação?

Não gostou? Poxa! É uma ideia tão boa. Como assim de onde eu tirei isso?! Da minha cabeça, claro... e do meu quarto, que não apanha um raio de sol sequer e fica assim um tanto quanto gelado.

Winter is coming, querido. Imagina só como não vai ser minha situação. Você sabe, lá onde eu morava não existia frio. Considere o meu pedido e me ajude a não virar um picolé, por favor. Quando receber, me avisa.

Saudações calorosas,
Mari.