sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

querido Carna,

Ah, vai dizer que você não sabia que a carta de hoje era pra você?! Eu não perderia essa chance, de jeito nenhum! Sei que das pessoas aqui do blog, a mais íntima é a Carol, que costuma fazer aniversário bem na hora que você chega, mas todo mundo aqui te curte muito.

Aliás, todo mundo curte Carnaval, mesmo quem faz questão de fugir de você e suas plumas, alegorias, blocos ou qualquer batucada que seja. De um jeito ou de outro, é sempre uma folga bem-vinda.

Se em todos os anos anteriores se dizia que o ano só começava depois da sua passagem, acho que dessa vez o privilégio não é só seu. Porque em ano de Copa do Mundo e eleições, acho que esse ano nem vai chegar a começar e já vai acabar, amigo.

Mas não se acanhe. Chegue junto que bem agora todo mundo está te esperando na maior ansiedade. Traga toda a festa e, quando receber, me avisa.

Beijos
Bel


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

querido elefante azul,

Não esqueço aquela terça de carnaval, quando nos encontramos naquela ladeira, em frente à igreja, na sombra daquela árvore. Era quase duas da tarde. Ao nosso redor, um mar de suor e álcool. Eu lancei um olhar sicero, você respondeu com uma cantada barata. Eu peguei na sua tromba (carnaval é isso). Você levantou as duas mãos como se estivesse sendo assaltado. O Chapolin Colorado do seu lado puxou um coro de admiração. Alguns smurfs passaram nos pintando de azul. Era o timing certo para soltar a sua tromba, mas puxei pela ladeira tentando usar meus poderes de fada para transformá-lo em príncipe por 10 segundo, até chegar o próximo. 

Quem sabe nos encontremos em outros carnavais, em outras fantasias.

Quando receber, me avisa.

beijos,
Fadinha

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

querido humano macho,

Como você sabe, sou uma plantinha linda e em fase de crescimento que ocupa um discreto vaso na mesinha da sua sala. E, como você sabe também, não tenho autonomia para ir até a cozinha e tomar um copinho de água toda vez que sinto sede. Por isso, gostaria de pedir que você ficasse mais atento às minhas necessidades quando nossa querida humano fêmea não está por perto. 

Não estou enviando essa carta apenas para ser ranzinza. É que fico realmente fraca e com uma tonalidade de verde não muito bonita quando você se esquece de mim. Sem falar que se a humana voltar e me olhar desse jeito, você deve imaginar o que vai acontecer. Quando receber, me avisa e vem me dar uma regadinha.

Saudações,

Plantossaura.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

querida vizinha do andar de baixo,

A gente nunca se viu, e talvez você não saiba que eu sou um cachorro de 25kg com apenas 1 ano e meio, cheio de energia e que adora brincar. Eu cresci muito mais do que mamain esperava, e ao contrário do que foi aconselhado aos meus pais, eles nunca vão me deixar em outro lugar por causa disso.

Já ouvimos barulho da vassoura batendo no nosso chão, provavelmente porque você ficou muito irritada com a minha bagunça. Às vezes sei que extrapolo e exagero nos pulos e latidos, mas são momentos de muita animação e, acredite, mamain sempre tenta me conter.

Pedi pra mamain escrever a cartinha porque eu escrevo tudo errado, e talvez você seja o tipo de pessoa que não acha graça.

Peço desculpas por todo o inconveniente e aproveito pra te convidar à uma partida de bolinha comigo. Tenho certeza que você vai gostar de mim. Sou muito bonzinho e gosto muito de pessoas!

Quando receber, me avisa e traga um ossinho!

Café.

















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Café é um vira-lata de 1 ano e meio, artista plástico, pet celebrity e fã de Pink Floyd. Ele é o terrível adorável da Ana Carolina Sanches e do Leo Kilhian e o prejuízo mais querido do Instagram e do Facebook.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

querido criador do canal Talking Animals,

Até ontem, eu nunca tinha visto um vídeo seu e hoje já chorei de rir com vários.

Pra ter criado esse canal, você deve gostar de bichos tanto quanto eu (mais até, imagino) e deve entender o que é ficar longe dos seus bichos de estimação. Morro de saudades do trio Dodô-Naná-Catarina, tenho ataques de Felícia cada vez que vejo um gato ou cachorro e quem convive comigo já não aguenta mais meus "aaaaaaah, um cachooorroooo".

Ver os vídeos do seu canal me faz sentir mais próxima dos meus amores de quatro patas e menos doida por todas as conversas travadas com eles. Essa cartinha nunca vai chegar até você, mas fica o meu agradecimento.

Quando receber, me avisa. E faz um especial com dachshunds, por favor.

Um beijo,
Mari.














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Para ver os vídeos do Talking Animals é só clicar aqui.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

queridos gadgets

Por favor, não me deixem louca.

Eu sei que "ninguém mandou arrumar outra tela", mas eu meio que não tive muito como fugir disso, sabe. Desktop, smartphone e tablet: tudo acendendo e apitando toda hora, como uma orquestra esquizofrênica, ainda vai me enlouquecer.

E eu sei que é só o começo.

Vão. Com. Calma. A gente precisa acertar o ritmo, silenciar umas coisas, desinstalar outras, tudo pela boa convivência. Não, não tem dessa de 24h. É das 7h às 22h e é isso. Nesse intervalinho, eu vivo e durmo, combinado?

Vão aquietando o facho aí e, quando receberem, avisem.

Beijo,
Bel.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

querida humanidade,

Sei que há um tempo você não tem dado certo, mas não custa nada ser extinta com dignidade.

Por meio desta carta, queria apenas te lembrar que o próximo não é o que vem depois da gente. A expressão não pressupõe hierarquia, como você deve estar achando. O próximo é o que está perto da gente. E se está perto, tem um motivo. As pessoas não orbitam ao nosso redor, elas fazem parte do mesmo universo. Coexistem. Existem em cooperação.

Ontem vi uma cena pela qual perdi um pouco da fé em você. Uma mulher, aos berros, humilhou um garçom que tentava dar conta do caos do restaurante, com pouco sucesso, mas com esforço. Antes que qualquer um naquele ambiente pudesse levantar do mar de vergonha alheia pós-cena, ela fugiu. 

Sabe de uma coisa? Às vezes me pego torcendo pelos cometas.

Me perdoe a descrença em você. E, quando receber, me avisa.

Cordialmente,
Carolina. 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

queridas sobrinhas,

Nunca falei pra vocês, mas eu sempre quis ser tia. Acho que ser a filha mais nova entre quatro irmãos me fez perceber desde cedo que não adiantaria pedir pra minha mãe (isso mesmo, a Vó Bete) por um irmão mais novo. Aí o que me sobrou? Encher o saco dos meus irmãos para terem filhos logo. A pressão não adiantou muito, já que todos eles demoraram bastante para atender meu pedido. Mas valeu a pena esperar, viu?

Ser tia é uma daquelas coisas que a gente só aprende a ser quando já é. Vocês vão saber bem como é isso quando tiverem irmãos (Bia, já tá preparada? Faltam só 5 meses para a Estela chegar, hein!), tiverem que ir trabalhar, estudar, aprender tudo isso que a gente aprende sendo.

Ser tia é amar um pedaço de você que não é seu. É ficar toda boba quando ouve um "Tia Carô" pela primeira vez. É atender o telefone e ficar falando com um bebê que nem entende direito o que aquele aparelho preto que tão segurando perto da orelha dele. É "estragar" o filho dos outros sem culpa nenhuma porque tia tem mesmo é que mimar, os pais que se virem com a birra depois. 

Ser tia é uma das melhores coisas que me aconteceu. Espero que aconteça com vocês também.

Quando vocês receberem (e souberem ler, daqui há alguns anos), me avisem.

Com carinho,
Tia Carô








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Ana Carô, 29, publicitária, leitora, gastadeira e a tia mais fofa que uma sobrinha pode ter. Escreve sobre a vida no Futricô, deixa a Internet mais bonita com o Lindezas e também faz parte do time do Corre Mulherada.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

querida namorada do João,

Desculpa te chamar assim de "namorada do João", é que eu não sei o seu nome. Apesar de ter te visto algumas vezes, também não te identificaria na rua, caso a visse.

Mas a sua voz eu saberia identificar fácil. Ela tem um timbre todo especial: parece uma gralha desafinada! E o volume... Nossa, minha filha não sabe mesmo controlar, ou é alto ou é altíssimo.

E pra completar, ainda temos uns casos interessantes. Naquelas situações em que você poderia gritar, falar alto, instintos incontroláveis, if you know what I mean, você parece uma múmia. (Somos mais íntimas do que você imagina). Já às 7h da manhã, quando todos dessa casa querem dormir em paz, você acorda super conversadeira com a voz de gralha desafinada no último volume. Quase um despertador não requisitado.

Olha, não está sendo fácil entender sua lógica. Quando receber, me avisa. E vê se fala um bocadinho mais baixo.

Cordialmente,
Mariana.



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O João é um dos três meninos com quem divido apartamento.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

querida vida,

Esses 26 anos passaram rápido. Parece que foi outro dia que você me olhava desenhando prédios pensando um dia ser arquiteta, colorindo aqueles papéis e crendo na possibilidade dos prédios triangulares ou em casas circulares e móveis. Foram os tempos dos olhinhos tortos, dos dentinhos tortos, da birra pra escovar os dentes...

Acordei hoje com as unhas curtinhas, vítimas da minha mania mais antiga. Alguns traços que marquei em você parecem que nunca irão mudar, outros, como a própria profissão que escolhi, mostram que consigo te dar novos caminhos. Eu sei, eu sei: essas são coisas que você coloca para a gente achar que está no comando. E agradeço pela fantasia.

Hoje, quase tudo está no lugar e você me olha adulta, desacelerando o passo, aprendendo a perder e a ganhar. Mas confesso que, ultimamente, ando me confundindo nos teus sinais. Já foi mais fácil ler os sentimentos. Imagino, inclusive, que estava fácil demais, daí então entramos em uma nova fase.

E pensando no tempo que já percorremos, fico me perguntando até onde vamos. Deve ser uma das missões da nova fase: pensar em você cotidianamente. Não consigo me decidir se precisamos ir longe. Pode nem ser longa a caminhada, mas que não seja mania, costume de estar com você: que seja desejo. Que não seja ter por ter: que seja ter por crer em você. E como te conheço, assunto não faltará. Pode ser até os 27, mas pode ser até 100.

Quando receber, me avisa.

Com muito amor,
Carolina.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

querida morte,

Eu nunca tive medo de você. Talvez por serenidade, talvez por encarar isso com naturalidade, talvez por ser míope e quando você esteve por perto, mesmo me encarando nos olhos, eu não tenha enxergado direito, ou avaliado os riscos. Sabe como é, sou suburbano, a gente leva tudo na leveza e na galhofa. É assim que a gente vive a sua irmã, a vida.

Pois bem. Eu já havia pensado muito em você quando do nascimento da primeira filha. Você sabe, eu não fiz, mas aprimorei. E bem. Ela tá grandona, tem muito pra fazer por aí. Missão quase cumprida, porque pai não pode relaxar nunca. Mas agora chegou um pequenininho. Muito saudável, um touro, também vai viver muito e bastante, vai ser muito feliz, veio pra ser muito amado. E assim será.

Sabe, tenho me pegado pensando em você. E não encare isso como uma declaração de amor, embora seja inevitável terminar em seus braços. Até porque, por mais que se viva, uma hora a vida deixa de ser benção e vira maldição. É a condição natural dos seres vivos. Mas isso vai demorar muito tempo. Estou tentando me cuidar, fazendo coisas mais saudáveis, tudo para ficar ao lado dos meus filhos e retardar o encontro marcado com você. Aliás, espero que você tenha marcado isso pra bem longe. Quero ficar bem velhinho.

Pela primeira vez, tenho medo de te encontrar. Não é nada que me impeça de viver, mas confesso que me incomoda ficar acordando no meio da madrugada pensando em você. Sei que você tem muito por fazer na sua missão, mas por favor me poupe das pegadinhas do Mallandro e das contingências intempestivas. Nada de "glu, glu", muito menos "yeah, yeah".

Então, ficamos assim: Você na sua, eu na minha. Eu fazendo tudo pra não te encontrar nessas esquinas do destino antes da hora marcada. Mesmo sendo pontual, vou me atrasar. Não me leve a mal, é só vontade de viver mesmo. E isso eu sei fazer, tanto que pretendo viver muito. Continuo te respeitando e sabendo que é inevitável, mas daqui por diante, não vou te fitar nos olhos.

Quando receber, coloque lá embaixo da pilha de cartas, ok? E não precisa me avisar de nada não.

Até qualquer dia, bem longe deste dia,
Arthur Chrispin.










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Arthur Chrispin, 35, carioca, flamenguista e suburbano, atualmente perdido pelos agrestes, escreve suas impressões da vida no www.cotidianoeoutrasdrogas.wordpress.com

sábado, 8 de fevereiro de 2014

queridos leitores,

Temos novidades! Nos próximos quatro domingos postaremos cartas de convidados :)

São conhecidos e amigos nossos que também estão longe fisicamente, mas se fazem presentes nessas correspondências.

Quando receberem, avisem.

Abraços,
Equipe QRMA.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

querida sexta-feira,

Queria te dizer que faz muito tempo que te acho injusta. Você é toda festa, galera, drinks, agitação e sempre se esquece de mim. Pior, você não apenas se esquece de pensar em mim, como sempre me faz sentir muito mal com essas suas tendências farreiras. Por favor, nem toda sexta tem que ser feita de festas e paqueras. Meu namorado tá longe, oras! Eu sinceramente espero que, qualquer dia desses, você esteja mais calminha e aceite também aqueles que gostam de ficar em casa assistindo seriado com pipoca.

Quando receber, me avisa. E vê se não exagera na tequila hoje.

Abraços,

Seane.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

querido Google Maps,

Não sei o que seria de mim sem você na minha vida! Mas hoje você falhou.

Sério, o que foram aquelas indicações de hoje cedo? Não lembro a última vez que fiquei tão perdida, a ponto de não fazer ideia de onde estava. E você ainda me escolheu uma ótima situação pra falhar: um dia de vento e chuva e um bairro com a maior concentração de ladeiras e escadas que eu já vi na vida!

Foi pior que aquela vez que você me fez cortar caminho por um bairro um pouquinho perigoso. Que isso não se repita mais! Quando receber, me avisa.

Atenciosamente,
Mariana.



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

querida memória


Eu sei que está puxado pra gente, amiga. Acho que nem na época dos vestibulares a gente pegou pesado assim. Tanta gente, tanto trabalho, tantas telas pra checar, tanta coisa pra acompanhar...

Mas não reclame, tenho feito o que posso pra te deixar de boa. Todos os aplicativos pra lembrete, pra guardar as ideias que passam e nem sempre ficam e pra saber o que fazer no dia eu baixei e usei. Todos os post its e planilhas eu já escrevi. E até a agenda do ano, que eu nunca deixo de ter, já comprei. Daqui a pouco, escrevo até na parede pra garantir que a gente não vai deixar passar o essencial, rs.

Vamo levando com tranquilidade, porque até que a gente tem conseguido umas folguinhas bacanas e umas cervejas pra refrescar (ou mesmo pra esquecer).

Você me vale mais dilma$ do que imagina, querida. Não me deixe na mão, nem fique preguiçosa e,
quando receber, me avisa.

Beijo,
Bel


domingo, 2 de fevereiro de 2014

querido fevereiro,

É um tanto chato saber que esse ano carnaval não cai em nenhum dos seus 28 dias. Mas, mesmo assim, eu poderia fazer uma ode à felicidade para festejar a sua chegada. E gosto de acreditar que, quando você chegar, a saudade não vai matar a gente.

Os anos bissextos acontecem para termos a sensação de você nunca acabar. E pensar que você já chegou a ter dia 30, mas Augusto César de Roma o mandou para agosto. Talvez César nunca tenha ido a Veneza.

Na minha imaginação, você sempre chega estourando confetes, abrindo champanhe, colocando a máscara, soltando as marchinhas. Você é permissão, é feriado, é curto e grosso. Carrega o meu aniversário, o aniversário da Carmen Miranda, pode ou não ter cinzas, mas sempre terá o dia dos namorados e a celebração à Iemanjá, a rainha do mar, do mês dos aquarianos.

Pode chegar. Fique a vontade.

Quando receber, me avisa.

com amor,
Carolina.