domingo, 20 de abril de 2014

querida Maria,

Hoje conto mais um mês que foste embora. Neste mesmo horário, estava eu desprevenido, achando que a ligação do Cadinho no meio da manhã era apenas mais uma ligação só pra conversar. Não era. Ele fez tudo direito, não se preocupe. Perguntou como eu estava e se estava sozinho – eu disse que não – e ele insistiu, de forma calma e doce, para passar o telefone para alguém. Eu não desconfiei de nada.

Era cedo, estava eu no trabalho, e sabes tu que nunca funcionei bem pela manhã. Então, passei para a amiga mais próxima. Ela atendeu. 30 segundos depois vi nos olhos dela que se tratava algo sério. Ela segurou em uma das minhas mãos e na outra me devolveu o telefone.

Perder o chão, não sentir as pernas, perder o fôlego… perder tudo.

E desde então, todos os dias têm sido dias. Dias em que eu tenho aquele estalo no meio da rua pensando em tirar uma foto engraçada para te enviar, ou em que vejo aquela receita boa que passou na TV para gente fazer junto… e quando eu lembro, já não estás aqui.

É complicado pensar que não vou mais sentir o teu cheiro, brincar com tuas gordurinhas do braço, ir pro teu colo e ganhar festinhas no cabelo, te apanhar no meio da tarde e pular pra tua beira na cama e tirar aquele sono bom junto contigo, ler aquela letrinha pequena na revista…

Todo dia é teu dia, todos os meus dias são dias pra ti. Todo dia é uma lembrança. E eu vou me lembrar de ti pra sempre.

Fica bem. Daqui a pouco a gente se encontra para aquele abraço bem gostoso que só tu sabias dar. Quando receber, me avisa.

Te amo, mãe.

Teu filhote,
W.












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Wandson nasceu no dia 7 de setembro. Queria conquistar sua independência e, por isso, achou que tinha alguma piada morar em Portugal por ter Lisboa no nome, porém, resolveu viver no Porto. Tem o dom de dar emoções a brinquedos, veja com seus próprios olhos aqui.

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Quando convidei o Wandson, ele disse: "Vou usar o selo de um amigo meu!" e eu achei um máximo ele conhecer alguém que havia desenhado selos. Aí ele me mostrou, fiquei doidinha da cabeça, porque nós aqui do blog já adorávamos os selos do Zé Cardoso e já havíamos usado um em outra carta. O mundo é redondo, mas poderia ser um ovo... de codorna! 

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