quinta-feira, 8 de maio de 2014

querida vovó,

Faz três dias que você não me liga. Eu poderia ir na sua casa cobrar atenção, mas dessa vez não a senhora vai estar lá. 

Se a gente for considerar todos os sentimentos e ações que a ideia de avó pressupõe, você foi a minha única avó. A que mais se dedicou aos filhos das filhas, que viu a gente (os netos) crescer, que nos defendeu das palmadas, que nos deu palmadas na hora certa, que trocou nossas fraldas, que acompanhou nossas febres, que torceu pela gente, que nos amou incondicionalmente. Que cozinhou como ninguém. 

Quando o seu ritmo diminuiu, quando sua circulação falhou em um AVC, nós chegamos a pensar que fosse o fim. Mas você venceu o AVC, um câncer e os problemas pulmonares. A sensação de que te perdíamos aos poucos andava junta com a sensação de imortalidade. Quando a senhora se foi, ficou um imenso vazio. Vazio na minha rotina de atender sua ligação de cinco a dez vezes por dia para perguntar as mesmas coisas.

A minha dor só não é maior que a alegria de saber que agora a senhora está livre, não precisa mais juntar forças para lutar pela sobrevivência. Não precisa mais da cadeira de rodas, daquela quantidade absurda de remédios, do balão de oxigênio ao lado da cama.

Agora a senhora está livre. E eu estou muito feliz por ti.

Quando receber, me avisa.

Com muito, muito amor.
Carol.

Um comentário:

  1. Livre e batendo altos papos com tia Loíde. Também estou feliz por ela(s). E, migs, vem cá dá um abraço __0__

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