Ao qualificar como “inacreditável” sua oferta de conexão
mais rápida, provavelmente o senhor já havia procurado conter minhas
expectativas sobre o serviço que é obrigado a oferecer.
Sei que o senhor não tem opção ao tentar vender serviços
cuja qualidade não dependem das (nem são garantidas pelas) suas palavras. Talvez
se o senhor pudesse escolher como empregar seu tempo e sua lábia, poderia
dedicar seu talento para convencer seus interlocutores de verdades mais
importantes – como o fato de que a distância entre a realidade e as promessas é
tão grande quanto os 0s e os 1s binários que aguardam sua saída ou chegada no
meu roteador. Mas talvez verdades assim não rendam tanto quanto propagandas de
conexão; porque, afinal, queremos acreditar que é possível conectar-se aos
outros como o senhor acessou meus instintos de confiança infantil e crédulo
otimismo.
Essa carta ainda aguarda o retorno da conexão para ser
enviada, mas já cumpre o mesmo efeito tranquilizador (e a mesma ineficiência)
de um ataque enfurecido pelo telefone contra quem não é culpado de nada além
das limitadas possibilidades de trabalho para seu talento em ouvir ofensas sem
reagir fora do roteiro de respostas programadas.
Quando receber, me avisa por sinal de fumaça, ou pombo
correio.
Ivan.
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Ivan Paganotti é
jornalista, professor, doutorando em ciências da comunicação na USP e autor do
blog 8 frases.
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