sábado, 29 de novembro de 2014

querido moço do tinder,

E esse café, quando sai?

Quando receber, me avisa para a gente combinar.

Ps.: prometo não sugerir Starbucks.

Beijo!
Seane.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

querida dona Eliane,


Desculpa não estar aí no dia do seu aniversário.

Mãe, foi só dessa vez, viu. Tô já voltando das férias e levando quilos de saudade e alguns presentes.

Acho que esse mês de férias deve ter sido bom pra nós duas. A senhora nunca tinha ficado sozinha desde que Lívia e eu nascemos e raramente passo todo esse tempo fora, então pode ter sido uma pausa boa nas nossas vidas e uma chance de repensar algumas coisas.

Mas esse papo não é pra agora, o que importa é: FELIZ ANIVERSÁRIO.

Te amo muito, inclusive os defeitos, dos quais herdei muitos.

Segura mais um pouco e, quando receber, me avisa.


Beijos,

Bel



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

querida ansiedade,

De novo, amiga? 

Sabia que você vinha, mas não precisava chegar com uma semana de antecedência. Meu pescoço não aguenta o seu peso. Meus músculos já estão doloridos. Dá um tempo, cara!

Pelo visto você está se sentindo parte da família. Sei que você fica até a sexta, mas vê se não bagunça muito a casa. Dessa vez, tira o tremilique da minha perna. Seja sensata.

Quando receber, me esquece.

Carol.

domingo, 23 de novembro de 2014

querido Pipoca,

Fico aqui pensando em como esta carta te encontrará no seu aniversário de 36 anos. Esta é a idade que tenho agora, por isso é um marco tão importante para mim.

Começo, aos poucos, a sentir que toda a minha vida fez sentido, tudo maquinou para me trazer até aqui. Mesmo aquelas lombadas, patrulhas e buracos infernais pelo caminho.

Quando você nasceu eu não era eu ainda, entende? Eu era alguém em construção. Apesar de nunca ter negligenciado amor talvez tenha negligenciado atenção. Espero, do fundo do coração, que você entenda que são coisas diferentes.

Por um lado, acho que foi bom porque você aprendeu a se virar sozinho e a assumir responsabilidades pelos seus atos desde muito cedo. Foi a grande lição que seu nonno me deu, e eu, aos trancos e barrancos, tentei passar para você:

"Não culpe os outros, vá lá e faça acontecer.”

Eu poderia destilar uma lista de desculpas, das mais banais como “desculpe por não estar presente em cada uma das suas apresentações da escola”, até as mais doídas como “desculpe por não ter ido a sua festa de 10 anos”. Eu sei que ela foi muito importante para você...

Mas decidi não engarrafar essa bebida amarga hoje. Como disse, eu era uma pessoa em construção e essa pessoa precisava cimentar seu caminho para poder caminhar segura até você.

Por todas as vezes que você me abraçou no carro do nada e me disse “te amo, que saudades”, eu me desmontei em mil pedaços. Mas hoje eu me rejunto.

Por todas as vezes que conversamos por horas, sem alarme para ir embora, eu me realizo por ter em você uma alma tão irmã.

Enquanto escrevo tenho 36 anos e você 14.

Hoje você é meu amigo-filho, para quem tenho o maior prazer de ensinar e mostrar a vida real, sem maquiagem. Bela e assustadora, ao mesmo tempo.

Toda vez que você ri e entende as minhas entrelinhas nos discursos inflamados (e sua mãe é uma pessoa que fala, você sabe) vejo que somos iguais, mesmo depois de termos sido diferentes por tanto tempo.

Obrigada por ter respeitado meu tempo de construção. Obrigada por nunca ter me julgado, cobrado ou condenado.

Você me ensinou a ser tolerante, compreensiva e muito mais amorosa. Essas são lições muito mais importantes do que eu jamais serei capaz de te ensinar.

Enquanto você lê tenho 57 anos e você 36.

Espero que esta carta te encontre pleno, sempre em busca de você e consciente do mundo que nos ronda: implacável, maravilhoso e cheio de possibilidades. Se existe algo que não mudou durante todos esses anos é o fato de eu te amar, simultaneamente, de todas as maneiras possíveis.

Quando receber me avisa.

Mamãe.











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Bia Lombardi é autora do Bramare, cantora da Bellatrix e diretora criativa da marcaVIVAdesign. Já teve um filho, escreveu um livro e, multitask do jeito que é, com certeza também já plantou uma árvore.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

querida Bola de Sebo,

Sinto muito por ignorá-la por tanto tempo, mas a demora não mudou nada: te admiro absurdamente. Te admiro ainda mais por saber que você é uma personagem da guerra de 1870, de um texto publicado por Maupassant apenas dez anos depois, e, ainda assim, tão moderna.

Estou te enviando essa carta para te contar umas coisas aqui do futuro. Sabe, não conheço muito bem o Maupassant e não sei exatamente o que ele pensou ao te criar, mas, vamos combinar, você é uma mulher incrível! Prostituta, zoada por ser gorda, mas com uma consciência do seu corpo que nunca vacilava, por mais que te dissessem que "já que você deu para muitos, não custa nada dar pra esse prussiano".

Não quero contar toda a sua história aqui, mas queria lhe dizer que, depois que eu a li, eu fiquei tão assustada! Desde o final do século XIX, você já tava mostrando a dor que é a mulher não poder ter o controle dos seus desejos e dos seus parceiros, e essa lição já devia ter sido aprendida.

Sei que isso não deve animar em nada você, mas a minha sociedade e o meu tempo ainda olham feio para a mulher que diz sim ao homem que ela deseja, criaram até um novo conceito para gerar preconceito, um tal de "fulana é fácil". Porque a mulher ainda não pode ter um papel ATIVO nas escolhas. A facilidade, no caso, foi do homem de conquistar/enganar aquela fulana. Aqui, ainda quase não se fala de "fulana quis".

Mas, ainda pior, é que a minha sociedade e o meu tempo ainda não respeitam a mulher que diz não. E continuam violentando verbal e fisicamente, essas mulheres. Para ocultar um pouquinho que as coisas não mudaram muito, hoje a gente escuta que as mulheres dizem não "para fazer charme", "para se fazer de difícil". E são essas crenças que justificam alguém passar por cima da vontade da mulher.

Imagino que tudo isso deve estar te deixando ainda mais triste. Mas não fique! Se alguém ficou mal naquela história com o prussiano, com certeza, foram aquelas pessoas que estavam com você. E você é uma personagem tão inacreditável que, eu acredito, ainda tem muito para nos falar sobre os dias de hoje.

Quando receber, não precisa avisar, mas saiba que eu recebi seu recado.

Abraços,
Seane.



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

querido drama,

Por favor, abandone o meu corpo! Eu já desisti de transformar a minha experiência de vida em uma novela mexicana e ficar rica, não preciso mais de você!

Lembro quando você apareceu na minha vida e eu te acolhi de braços abertos, como se você fizesse parte de mim. Depois de te conhecer, tentei me desenhar várias vezes sentada em um cantinho escuro embalada por alguma tristeza e a música Falling do Lacuna Coil. Sim, você me influenciou a ser gótica.

Hoje, no entanto, queria mais era me pegar sentada em uma pracinha ensolarada ao som de uma bandinha indie ridiculamente dançante. Para isso, preciso que você me deixe um pouco em paz. Experimente, por exemplo, atormentar a cabeça dos adolescentes que leram Crepúsculo. E, se possível, pode comentar com a sua amiga Tranquilidade ou mesmo com aquela Paz Interior, que eu estou precisando de um pouco de ajuda.

Quando receber, pode deixar que o seu whatsapp já me avisa. 

Adeus,
Seane.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

querido frio,

Você vem chegando tímido, mas vem chegando... e quer saber do que mais? Seja bem-vindo!

Não foi um ano de muito calor, é verdade. Mas juro que já tava sentindo uma pontinha de saudade. Olhava pros casacos e pros pijamas quentinhos e até suspirava...

Agora que vai ser o meu segundo inverno por aqui, acho que estou um pouco ambientada. E apesar de ser ultra friorenta, vou tentar aproveitar os dias frio sem desejar ficar eternamente  encavernada embaixo de 239789483 edredons.

A única coisa que peço é que venha acompanhado com menos chuvas que no ano passado. Porque, cara, se for aquela chuvarada louca de novo, não tem saudade que me faça sair da cama pra aproveitar o dia.

Quando receber, me avisa. E manda vários dias de frio com céu azul.

Um abraço,
Mari.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

querido Facebook,


Não sinto saudades.

É apenas maravilhoso ficar alheia às coisas de vez em quando. Não saber o meme que a galera anda compartilhando, quem casou/noivou/namorou/terminou ou qual o motivo da revolta do momento. Não saber nem o resultado do último jogo do São Paulo no Brasileirão.  

Só tô procurando saber do dólar, mas pra isso não preciso de você.

Não pretendo te largar de todo, porque seria hipócrita dizer que não preciso de você, inclusive profissionalmente. Só acho saudável manter distância de vez em quando.

Guarda as top stories pra me mostrar depois e, quando receber, me avisa.

Beijos

Bel 


domingo, 9 de novembro de 2014

querido Doutorado,

Nós dois sabemos que nossa relação chegou ao fim. Precisamos aceitar que não dá mais. Não nos aguentamos mais. O fim é inevitável, irremediável. Foram anos de muitas idas e vindas, muitas reclamações e muitos mal entendidos.

Perdi muitos finais de semanas, passeios com os amigos, viagens e domingos de sol. Não que eu goste de praia, mas eu queria ter a possibilidade. Nem tenho tempo e dinheiro pra viajar tanto assim, mas eu queria apenas poder. Mas você me cobrou muita atenção e eu, como todo bicho acuado, fugi para longe e me escondi. Eu também te escondi para ter a possibilidade de viajar, de ir à praia e de passar o dia com meus amigos. 

Mas eu tinha que voltar. Eu quis voltar.

Perdi mais cabelos nesses 4 anos do que o normal. Ganhei mais quilos do que eu podia prever. E você, mesmo assim, continuou a me cobrar, pressionar e acuar. Não foi fácil pra mim. Sei que não foi fácil pra você também.

Ganhei muitos amigos, dei boas risadas e surgiram piadas ma-ra-vi-lho-sas por sua causa. Assumo sem reservas a sua importância na minha vida. 

A música entrou por completo na minha vida. E muita gente veio entre artigos e livros. Fiz algumas viagens que renderam bons momentos e muitas fotos.

Você vai fazer falta, queridx. Não vou sentir saudades dos prazos nem das cobranças. Vou sentir falta da transformação constante que você me fez passar, mesmo com minha relutância. 

Não leve a mal minhas reclamações. Eu vou sentir uma puta saudade de você. 

A gente se vê um dia desses. Não sou de me desapegar por completo.

Quando receber, me avisa.

Eduardo.














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Eduardo Dias é publicitário, professor universitário e procura um sentido pra vida após o doutorado.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

querido instrutor da manhã,

Não adianta vir me chamar de linda e nem me prometer série nova pro bumbum agora. Quando eu comecei a ir no seu horário, você nunca botou fé na minha cara.

Não adianta dizer que não é verdade. Já vi você ajudar muita gente enquanto eu me lascava malhando all by myself. E lembra quando eu pedi série nova? Você olhou pra minha ficha e só disse que a série já estava boa.

Bom, agora você gostou do meu corte de cabelo e quer me ajudar a ficar com a bunda grande, mas eu não preciso mais da sua ajuda!

Quando receber, me avisa e esquece tudo isso que eu escrevi. Era brincadeira! Me ajuda a fazer o agachamento livre amanhã?

Abraços,
Seane.



domingo, 2 de novembro de 2014

querido coque,

Preciso te confessar: sou apaixonado por ti. Tua beleza ofusca os demais penteados. Só tenho olhos pra ti. Sei que não devia me expressar dessa forma, pois corro o risco de você tripudiar sobre mim. Mas, quer saber? Quero correr todos os riscos ao teu lado. Nesse emaranhado de cabelos. Enroscar minha vida na tua, feito nó cego, pra não desatar mais.

Dizem que procuramos na nossa alma gêmea – sim, parece piegas, mas acredito em alma gêmea, aquele par de sapato velho reservado pra você, seu numero – um pouco da nossa mãe. Minha mãe usa diariamente o coque. Na certa, pela convivência, aprendi a reverenciar esse penteado. Ele valoriza o rosto. Deixa nu pescoço e nuca. Um claro convite, desses irrecusáveis.

Você nem desconfia, mas reprovei numa cadeira por sua causa. Me encantei com o balé de mãos duma moça no ônibus, era a necessidade do momento ver aquele coque feito, esperei hipnotizado e quando dei por mim estava noutro bairro, longe do ponto em que devia descer. Você me deve essa.

Noivas te usam em cerimônias de casamento, há prova maior da tua importância? E falando em casamento, pra quando marco o nosso? Imaginei na praia, primavera…

Espero que você me compreenda, que não fuja correndo por confessar minha paixão por ti e esteja disposto a me dar uma chance. Embarca nessa comigo.

Quando receber, me avisa.


Eduardo Papke Rocha














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Eduardo Papke Rocha tem 24 anos e é formado em educação física. Gaúcho e capricorniano, mas não acredita nesse lance de signos, acredita mesmo no amor. Ah, se apaixona mais no ônibus do que em balada. Tem um blog: O Barrense.

sábado, 1 de novembro de 2014

querido mochilão,



Vem com tudo que eu estou fácil.

Depois de meses de planejamento, orçamentos, pesquisas, gastos e alguns sacrifícios, finalmente você chega. Vai ser intenso, eu sei, vai sair caro, eu sei, mas vai valer a pena DE-MAIS!

Acho que a companhia não poderia ser melhor <3 e o momento não poderia ser mais oportuno: basta lembrar que eu NUNCA tirei um mês inteiro de folga desde que comecei essa vida louca de professora de inglês-universitária-estagiária-publicitária, lá pelos idos de 2006.

Fora que 2014 foi puxado, pra mim, pro Brasil e pra Dilma.

Que até os momentos de sono sejam bons e que, no fim, eu chegue em São Luís com aquele cansaço bom que marca todas as minhas melhores viagens.

Quando receber, me avisa e te despacha pro Chile.

Beijos,

Bel