quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

queridas fotos do RG

Sejam mais legais comigo, vai? 

A cada 10 anos, mais ou menos, vocês me forçam a uma reflexão sobre a vida, o corpo e a chatice que é toda a burocracia para tirar uma segunda via.

Curiosamente, nem lembro do dia que tirei a primeira via do RG. Lembro que foi para fazer uma viagem da escola e que eu tinha 9 anos. Tinha os olhinhos tortos. Aliás, sempre existe alguma coisa torta em vocês, fotos do RG.

Aos 17, passeando pelo shopping com os documentos para fazer inscrição no vestibular, essa primeira via achou melhor se libertar do envelope e morar no lixo, provavelmente. Ainda bem que perdi depois da inscrição feita. 

Documento perdido, batalha pela segunda via antes da prova do vestibular. E, dias depois, lá estava eu de frente para a câmera, colocando os dedos na maquininha que lê digitais e pagando os 17 reais. Uma hora depois, voilá: segunda via pronta com meu rosto sem cor, sem sabor, com uma inclinação de uns 20 graus para a esquerda. 

Foi com essa via com foto com rostinho angelical que eu cadastrei na universidade, saí da universidade, entrei em outra universidade, saí da universidade, apresentei em bares, boates, guichês de rodoviária, aeroporto, trem, hotel, tirei inúmeras xérox para concurso e emprego e me acompanhou por 10 carnavais. 

Mas tem uma hora que não dá mais. Aquela hora que destoa: 10 anos não são 10 dias. A terceira foto do RG custou 30 reais, 4 horas de espera e 3 dias para ficar pronta. Nessas horas a gente percebe que a gente cresceu, que a cidade cresceu e que a foto tava muito antiga mesmo, ó. 

Na nova foto do RG fiquei meio laranja e com 27 graus de inclinação para a direita. Minhas metas para vocês, fotos do RG, são: 1) não perder essa via até os 37; 2) ter zero graus de inclinação nas próximas e 3) sair com uma cara menos deprimente.


Quando receberem, avisem. 

Abraços,
Carolina


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